Depois do leite derramado...

07/06/2010 18:33

    Este é o momento em que diversos setores da sociedade voltam a discutir sobre a questão da dependência em relação a hidrocabonetos que nossa sociedade tem para obtenção de energia.

Os custos pagos pelo meio ambiente são realmente irreversíveis? É a mesma questão do aquecimento global que para lguns cientistas é irremediável e causará desatres como enchentes, alteração de marés, furações..... Em contrapartida muitos pesquisadores defendem que o momento atual faz parte de um cíclo e que segundo eles o aquecimento poderá ser até maior que a forma de vida que temos não será afetada.

Neste sentido temos dois pontos de vista extremos em relação a limpeza do vazamento do óleo em virtude da explosão da plataforma da BP (ver artigos anteriores neste blog).

A reação direta que temos é de desespero, pois diariamente vemos animais atolados e sufocados na lama que o petróleo forma junto com areia e cascalho do litoral americano, sem contar a onda alarmista de que alguns animais podem vir a ser extintos, mutados ou que migrem da região, fazendo daquele lugar um ambiente estéril. Nesta linha o artigo do site Ecofaxina (https://ecofaxina.blogspot.com/2010/06/cadeia-alimentar-no-golfo-do-mexico.html) faz o alerta e crava a dificuldade de recuperação da região.

De outra parte temos os cientistas que pesquisam sobre oil spill bioremediation  (https://www.sciencedirect.com/science?_ob=ArticleURL&_udi=B6V6N-404RMY0-5&_user=10&_coverDate=12%2F31%2F1995&_rdoc=1&_fmt=high&_orig=search&_sort=d&_docanchor=&view=c&_acct=C000050221&_version=1&_urlVersion=0&_userid=10&md5=be6e8fcfb7ba59fff0f0aedf94a6414b)

No abstract do artigo acima temos até mesmo a indicação do uso desta sistemática na limpeza do último desatre com hidrocarbonetos (Exxon Valdez) dada como referência do bom resultado que a aplicação de organismos que nutrem-se da matéria mais básica do petróleo junto com nitrogênio e outras variáveis pode ter.

Um cientista alega ainda que dois anos após o incidente com o navio da Exxon a indústria pesqueia bateu record, ressaltando que tratavam-se de animais sadios e totalmente isentos da poluição proveniente do derramamento, isto é, o ecossistema estava recuperado e demonstrando uma fertilidade muito grande. A alegação do pesquisador é de que o petróleo no fundo (não do mar e sim de seus elementos formadores) já faz parte dos oceanos e que deve ser tratado como estando em excesso, e não como algo nocivo e que venha a causar extinção dos seres que ali vivem, a natureza se adapta e se revigora.

Nós d'O Engenheiro acompanhamos a distância os trabalhos do Exxon Valdez, e por isso não podemos contrapor a eficiência do método usado, uma vez que o resultado atualmente parece indiscutível e a tendência é que seja aplicado novamente neste incidente da BP.

Nós gostaríamos apenas de lembar um outro acidente, o do Petroleiro Grego Prestige no fim do ano de 2002. Que derramou uma quantia enorme de um subproduto do petróleo na costa Espanhola (Galícia) parecido com o popular piche.

 

 

(https://www1.folha.uol.com.br/folha/ciencia/ult306u7895.shtml)

Na época pudemos auxiliar os trabalhos voluntários na cidade de Muxia e infelizmente os resultados de mais de 6 meses de trabalho de limpeza de praias e pedras não conseguiam tirar a sensação de que não existia vida naquela região (algas, peixes, patos...), tudo parecia ter sumido, morrido. O pior era o cheiro ainda muito presente, que causava tontura e náuseas nas pessoas que ficavam muito expostas.

Lá não foi possível a utilização da Bioremediation (não sabemos as limitações do método), tudo foi feito removendo areia, pedras e cascalho fisicamente e colocando em sacos para que o governo fizesse a destinação (Desculpem, mas não lembramos o que foi feito com o material removido).

Hoje o litoral galego voltou a ter vida, e sua economia baseada no turismo é a mesma de antes.

A natureza realmente se adapta e se revigora....mas tem um limite? Será que não somos nós, que tentamos fazer as coisas da forma mais difícil e alarmista, procuramos pensar nas coisas como se fossem acabar amanhã, que não tem remédio?

Não sabemos, mas que para a indústria de petróleo pode ser uma forma interessantíssima de justificar um aumento nos custos, e com isto, aumento no valor a ser cobrado dos combustíveis, com certeza... olha o pessimismo aí de novo!